segunda-feira, 6 de abril de 2009

Um dia na chuva...

Um dia de chuva, um menino embaixo de uma sacada na rua, molhado, com a barriga ainda reclamando. Sua ultima refeição havia sido tirada de algum saco de lixo, de algum prédio da rua, há dois dias atrás.

As pessoas passam na rua e o ignoram, quase como se ele não existisse, e ele sente que não existe, afinal, se existisse, o Deus que ele já acreditara um dia, não permitiria, de forma alguma que ele passasse por tudo aquilo na vida. Nascido nas ruas como um filhote na selva, criado para tentar sobreviver, caçando para tentar comer, abrindo lixos e se humilhando. Gosta muito do lixo que encontra junto de lanchonetes e restaurantes, porém lá ele não é o único, existem muitos como ele por lá, e já vira muitos morrerem em brigas pela comida, por isso, prefere evitar esses lugares.

Vê lojas de grife com pessoas comprando itens com preços que ele nem consegue interpretar, só sabe que são números bem grandes. Pede ajuda para tentar cobrir o lixo em sua barriga, mas novamente, ignorado. Talvez só para lembrá-lo de sua inexistência. Mas o garoto já está acostumado, pois desde que nascera nessa selva de pedras, passa pela mesma coisa. Só queria que a barriga também se acostumasse e parasse de reclamar.

No fim do dia, procura um lugar coberto e vazio. Com o passar dos anos, fica cada vez mais difícil, a concorrência está crescendo. Após algum tempo, achou um bom lugar: uma parada de ônibus que tinha até assento! Deitou e tentou dormir, se preparando para o próximo dia. Dormiu, mas não acordou.

Um comentário:

  1. Muito bom, o final ta emocionante, mas a pior parte do texto é que tudo isso (pode e deve) ser verdade

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